O Primeiro Encontro da Mãe d’Água com a Mãe d’Umbigo
Vamos cantar ao movimento da
Mãe d’Umbigo e da Mãe d’Água.
Preservar e fortalecer a Força d’Alento Universal da Mãe d’Água através de recursos e
Forças naturais era a intenção da
Mãe d’Umbigo
Nascimentos de Assento em casa:
Em geral, as Mães d’Água procuravam a Mãe d’Umbigo no início da prenhes, outras, quando percebiam que a ‘semente estava amadurecendo’, ou seja, quando o grande movimento da força universal da Mãe d’Água havia começado.
Pediam orientação à Mãe d’Umbigo para melhor compreensão dos movimentos da ‘flor bonita’ ou da Y’Agury Kapi-aí que estava dentro das águas, para que pudessem potencializar ou aumentar o calor, percebendo a qualidade da Mãe do Fogo, para que, depois, pudessem se amornar e tornar a ser novamente Mães d’Água.
Após a Mãe d’Água recepcionar a Mãe d’Umbigo em casa, sentavam-se num banquinho com três pés e davam-se as mãos. No meio delas, estavam os Patuás. Recolhiam-se e se juntavam ao Nhe’ē Tatá, poder do grande espírito do fogo da Mãe do Corpo (Piraguaçu), através da força do grande Patuá da Mãe d’Umbigo, para que através dele elas pudessem potencializar a força da concepção da Mãe d’Água.
A Mãe d’Umbigo, pegando as mãos da Mãe d’Água, murmurava entoares, cânticos mágicos e misteriosos que fortaleciam a Mãe d’Água por dentro, fazendo acordar o poder profundo da Mãe do Fogo que a acompanharia durante o ciclo e o ritmo de seu renascimento.
A Mãe d’Umbigo inclinava-se e dizia: “cada ser na natureza deve ser invocado. Neste momento, invocamos as sementes: a semente da alegria, a semente do sorriso e a semente do Universo”. E então, a Mãe d’Umbigo entregava as sementes e o Patuazinho, que tinham poderes naturais e mágicos, à Mãe d’Água.
Assim, dava-se início à interação da Mãe d’Umbigo com a Mãe d’Água ao ritmo e ao ciclo de transição da Mãe d’Água. Entoava-se:
Y’Poty porã makova’e, Y’Poty porã ma kova’e.
Ela tem uma flor bonita, tem uma flor bonita.
Depois do entoar de iniciação, a Mãe d’Umbigo realizava o toque do Piraguaçu, Mãe do Corpo, útero, para sentir a ‘flor bonita’, para sentir se ela estava pulsando, e seguidamente orientava a Mãe d’Água a procurar as ervas que tinham que estar disponíveis em casa.
Após o primeiro encontro, a Mãe d’Umbigo fazia visitas constantes à Mãe d’Água, sempre com o intuito de orientá-la na alimentação, nos banhos de assento com ervas, raízes, cascas e folhas, na higiene pessoal, nos cuidados com os cueiros (enxoval) e principalmente para que o medo fosse percebido com naturalidade quando se fizesse presente.
Durante todo o tempo, a Mãe d’Umbigo ficava atenta a qualquer mudança de espírito na Mãe d’Água. Era um dom que elas possuíam. Sabiam de todos os cuidados necessários além dos tratamentos com ervas ou sem elas. As Mães d’Umbigo eram muito entendidas e sábias, tinham conhecimento e muitas experiências espirituais.