Patuá da Mãe d’Umbigo
Patuá Y’Pyrua Sy
Trabalho Apresentado na
1ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia:
“Psicologia e Compromisso Social”
1ª Concurso de Palavras e Imagens - 2000
N- 000029
Oficio n- 950-00/DIR-CFP
São Paulo, de 5 a 7 de outubro de 2000
Patuá da Mãe d’Umbigo
Patuá Y’Pyruá Sy
Y Sy Xe Pya’Ñe’e
Espírito da Vida da Mãe d’Água
“Obra Mestra da Cultura Originária”
Registro de Direitos Autorais
Fundação Biblioteca Nacional (FBN)
N- 2765/95
As obras do autor são sempre publicadas em Guarany Anhangatu e em Português. A intenção é tentar recuperar a língua originária da Nação Guarany Anhangatu para o enriquecimento da Cultura Americana.
RESPONSÁVEL: Roberto F. Valda Chanez (Mallku Chanez Kallawaya andino) NOME DO PROJETO: Patuá da Mãe d’Umbigo A Espiritualidade do Coração Novo da Mãe d’Água PROGRAMA-ÁREA: A Transcendência Energética e Espiritual da Mãe d’Umbigo Raizeira e da Mãe d’Água amazônica. LINHA DE PESQUISA: Valorização da Prática Energética e Espiritual da Mãe d’Umbigo e sua Assistência no Renascimento da Mãe d’Água e no Nascimento da sua criança, Y’ Agury. |
Patuá da Mãe d’Umbigo
A Espiritualidade do Coração Novo da Mãe d’Água
A realidade histórica dos Povos Originários, não pode ser mais ignorada, e a Solução dos Problemas de Saúde de estas comunidades do Continente AYWA-YALA, Terra Sem Males (hoje, América Latina) não pode mais ser adiada.
A reconstituição da semeadura de nossas sementes e raízes nos permitirá a integração das Medicinas oficiais com as práticas Médicas Milenares; sem dúvida, isso contribuirá para a nossa sabedoria dentro dos Programas de Atenção Primária de Saúde. Esta ótica coincide plenamente com as recomendações formuladas pela OMS, Assembléia Mundial de Saúde, no sentido de que os governos e as universidades estabeleçam critérios mais práticos e flexíveis para a utilização das Ciências Naturais Milenares mediante programas de assistências adaptados às diferentes condições sócio-econômicas de cada região.
As Comunidades Originárias do Continente Terra Sem Males têm um alto grau de desenvolvimento cultural. Se nós remontássemos ao passado dessas civilizações que permanecem injustamente banidas, desprezadas dentro da História Universal, sem dúvida nossas linguagens e técnicas tradicionais seriam redescobertas.
Retomando a essência história de Nações, poderíamos citar as sociedades do TAWANTINSUYU (as quatro organizações estatais de Aymaras-Kallawayas, Qhishwas, Quillawaras-Qhana, Urus, Chipayas etc.) que atualmente é composta pela Bolívia-Kollasuyo, Equador e Peru.
Dentro da Medicina Milenar Andina, poder-mos-ia citar o alto grau de desenvolvimento da Cultura Natural e da Medicina Itinerante KALLAWAYA, reconhecida como “obra mestra Intangível” pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), no dia 7 de novembro de 2003, como patrimônio oral da humanidade. Atualmente, esta medicina é praticada pela comunidade e reconhecida pelo Estado Plurinacional de Bolívia-Kollasuyo, que garante sua prática junto às técnicas modernas contemporâneas.
Identicamente, no lado oriental do Continente, “Terra Sem Males”, na região do PINDO RENTÃ, Palmeiras e Coqueiros, ou da YVYRA PITÃ, chamado de Pau-Brasil na época da colonização (hoje, Brasil) temos culturas autóctonas como da nações Guarany, Tupys, Xavantes, Karajás, Ianomamis, Kraos, Kayapós, Bororos, Kaapór (Urubus), Kamayura, Chiriguanos, etc, que desenvolveram várias técnicas através de tecnologia prática que sobrevivem até hoje.
A Nação Guarany Anhangatu, por exemplo, desenvolveu o PATUÁ Y’PYRUÁ SY, Patuá da Mãe d’Umbigo, medicina que chegou até nossos dias.
A História escrita pelos colonizadores refletem suas atitudes de arrogância, discriminação e desprezo em relação à Medicina Natural Tradicional a qual possui uma identidade dentro da Cultura da Marka, comunidade e do Ayllu, família, em vigência no Continente Aywa-Yala. Apesar de ter sido ignorada e continuar a ser perseguida até hoje pelo velho e o novo esquema de Poder Institucional, a Hegemonia médica, pode ser ainda um manancial inesgotável para o enriquecimento da cultura e da educação brasileira.
A Medicina Milenar Natural, no Brasil, ficou quase irremediavelmente perdida pela HEGEMONIA médica institucionalizada, ter causado um enorme prejuízo, não somente a estas regiões, mas a toda a humanidade por pretender ser a única possuidora de uma resposta ante a cultura da enfermidade e da cura.
O método da Medicina Natural mostra-nos de maneira contundente que num passado histórico e atual destas culturas originárias, as práticas médicas naturais não se desarticulavam dos fenômenos cósmicos, das representações psicossociais, artísticas, culturais e educacionais.
Todas as civilizações do mundo desenvolveram seus próprios VALORES, ATITUDES e CRENÇAS; e não poderia ser de outra maneira porque todas elas desenvolveram a capacidade de dar uma explicação sobre a iniciação do mundo interno e externo, ligadas a seus problemas e suas soluções.
A filosofia cartesiana intervencionista, desintegradora e explosiva teve oportunidade de se integrar à comunidade, mas sempre insistiu em se apresentar como única ciência formal com caráter universal.
O resgate, a revalorização e a integração da Medicina Prática Natural, como a Medicina Itinerante Kallawaya na Bolívia e a Medicina do Patuá da Mãe d’Umbigo, no vasto território brasileiro, nos permitirá colocá-la ao serviço da comunidade como um meio importante para assegurar um resguardo à saúde integral de PREVENÇÃO e de CURA. São poucos os países que admitem a existência de um sistema pluralista integrado e unificado da Medicina Natural.
A cultura moderna contemporânea não deveria perder a oportunidade de se integrar à tecnologia da Medicina Natural da Terra Sem Males, à Cultura Universal Oculta, constituídas em sua integridade pelo IMAGINÁRIO e a INTUIÇÃO, onde a relação, tempo-espaço, é INTEGRADA, ao invés de se colocar como um mero obstáculo ARTIFICIAL e estrutural, dificultando, impondo normas de arriba para baixo ou perseguindo e vitimizando a sua ancestralidade.
As práticas médicas originárias têm se demonstrado eficientes, e falar de sua legalização parece até ser desrespeitoso porque ela existe desde que se tem conhecimento do fogo, do ar e da água.
Elas não sofrem de pandemia da “iatrogenia cultural” e não é uma panacéia; é, sim, um poderoso método profilático e curativo Natural no que se refere à harmonização e sincronização da Força d’Alento Espiritual
Nas zonas rurais e urbanas, constitui-se um sistema economicamente válido para uma minoria silenciosa e uma maioria internamente exilada.
Através das experiências obtidas pelas Mães d’Umbigo, Mães do Centro, resgata-se uma parte da cultura milenar do Brasil.
A arte e a cultura e da medicina do Patuá Y’Pyiruá Sy hipoteticamente viria a ser a valorização e a integração do Ciclo de Força d’Alento Espiritual (energético). Ela abrange desde o ritual de iniciação da ovulação e a menarca, fecundação e concepção, gestação, renascimento da Mãe d’Água, nascimento da Brotinha (o), até o resguardo e a amamentação.
Na atualidade, não se tem a percepção da transição energética da continuidade e da totalidade dos ciclos Naturais da menina-mulher e da Mãe d’Água, não lhes permitindo sincronizar-se e harmonizar-se com o tempo e espaço, em relação ao todo.
Reintegrar e sistematizar estas FORMAS desintegradas FEMININAS significa para nós recolocar o cordão umbilical milenar no seu lugar de origem, onde fluem a sabedoria dos rios e onde moram o canto das aves e dos insetos, Mborat’e, do centro da cultura da amazônica de onde jamais deveria ter sido arrancada.