Universo Oculto: A Síndrome Religiosa
Manter a Frieza, a Inocência, a Pobreza e a
Reza no Parto
Sincretismo Religioso das
Benzedeiras curiosas, das
Comadres parteiras e das
Parteiras curiosas.
Tudo que é teu, mãe,
Por direito natural divino
Que venha a tuas mãos, pela
Graça do Senhor Deus ou
Por uma forma milagrosa divina.
D. Sebastiana Cardoso, 81 anos
Parteira curiosa, 450 nascimentos
Coletâneas de Rezas das
Parteiras Curiosas e das Benzedeiras Curiosas
Por trás dos fluxos femininos
Existem processos universais divinos, suas
Causas, seus efeitos e leis são de Deus
Comadre parteira, tu és a esperança. Cantaremos alvoroçadas à sua chegada. O amor de Deus brilha em teus olhos. A comadre parteira é a própria beija-flor na primavera!
Dos céus, o espírito da criança flui suave perante os olhos e as mãos de Deus. Nós, as parteiras curiosas, nós nos oferecemos alegres às crianças que estão no ventre da mãe.
Trazer uma alma viva é trazer uma alma nova. Nunca desmaie um instante sequer, siga sempre dando apoio à mãe porque, ao fim da jornada, uma criança nascerá.
Ao nosso redor germina um ‘trabalho doloroso’, uma verdade pura e inocente, o nascimento de uma criança. Deus ajudará em nosso trabalho: pegar e aparar o coroinha que vale tanto quanto nosso filho.
Quem irá nascer não se importará com a sorte tão escassa e nem com o rigor da pobreza material. Aquela coroinha que insiste em nascer num meio tão perverso, não exige riqueza e nem pobreza.
A curiosa benzedeira fica em calma, com sua consciência tranquila, temendo e sendo fiel a Deus criador, que lhe ordena não deixar de ser humilde ante as suas palavras. Assim, será ouvida como uma “boa filha” nas mais simples e sublimes preces.
Como a rude tormenta que bate nas favelas (palafitas) e o relâmpago que se descarrega iluminando as sombras é o nascer de uma criança. Todas rezam e fazem preces aos céus para desarmar a cólera Deus e esfriar o ventre materno.
“Não se esqueça, meu Deus, que há muitas crianças abandonadas pelo pai, sem roupa, sem pão e a mãe prestes a dar à luz a mais uma criança. Perdoe-nos, meu Deus”.
As mães grávidas se escondem em qualquer palafita. Com voz trêmula e medrosa solicitam socorro à ‘curiosa’. A assistência que não vem como uma esmola vem como uma caridade às que sofrem, para quem chora envolta em farrapos. Ela é uma mãe que implora pela salvação de seu filho. São filhos de Deus. Só querem uma cama ao invés de um berço!
Deve ser uma comadre caridosa porque as pobres mães imploram por ela. Que valor tem uma esmola em momentos assim? Nos azares do mundo, qualquer pobreza se esgota.Apenas as parteiras curiosas, as comadres parteiras e as benzedeiras curiosas consolam-nas e as socorrem neste mundo desolado e triste.